ATA DA SEXTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-6-2004.
Aos vinte e oito dias do mês de junho de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e trinta e nove minutos, foi realizada
a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana,
Cláudio Sebenelo, Elias Vidal, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn,
João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Nereu
D'Avila, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho,
Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme
Barbosa, Haroldo de Souza, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Pedro
Américo Leal, Professor Garcia, Renato Guimarães, Valdir Caetano e Wilton
Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou
abertos os trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão,
os Projetos de Resolução nos 089, 090, 091, 092 e 093/04, discutidos pelo
Vereador Wilton Araújo; em 3ª Sessão, os Projetos de Resolução nos 086 e
071/04, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Wilton Araújo,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Raul Carrion. Na ocasião, foi apregoada a
Emenda n° 02, de autoria do Vereador João Antonio Dib, ao Projeto de Resolução
n° 071/04 (Processo nº 2375/04). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul
Carrion lamentou o falecimento do ex-Governador Leonel de Moura Brizola,
discorrendo sobre a vida de Sua Senhoria. Ainda, referindo-se à Conferência Municipal
do PCdoB, realizada ontem, comentou a formação de coligação para as próximas
eleições municipais e convidou todos para a conferência “Ciência e Tecnologia e
Desenvolvimento Nacional”, a ser realizada hoje, na Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador Isaac Ainhorn elogiou o trabalho e a responsabilidade
da Senhora Presidenta na condução dos trabalhos deste Legislativo, lembrando
que as dificuldades enfrentadas pelo Presidente da Câmara Municipal tendem a
aumentar em anos de eleições municipais. Também, analisou o Projeto de
Resolução n° 071/04, recordando a complexidade na avaliação técnica do Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano Ambiental e considerando a contratação de assessores,
prevista nesse Projeto, fundamental para o bom andamento dos trabalhos desta
Casa. O Vereador Elói Guimarães lastimou a morte do ex-Governador Leonel de
Moura Brizola, alegando que esse político contrariava interesses por ser um homem
bravo, de personalidade marcante e que lutava em prol das classes populares
menos favorecidas. Nesse sentido, traçou um paralelo entre as idéias defendidas
por Sua Senhoria e pelo ex-Presidente Getúlio Vargas, exaltando a significância
das homenagens prestadas ao ex-Governador. O Vereador Professor Garcia comentou
a realização, ontem, da Convenção Municipal do Partido Socialista Brasileiro,
noticiando a formação de chapa para o pleito eleitoral à Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, juntamente com o Partido Social Cristão, e o lançamento de
quarenta e dois candidatos a Vereador pelo PSB. Ainda, atentou para a
importância dos debates entre os candidatos a Prefeito e discorreu sobre as
possibilidades do PSB nas eleições a prefeituras de várias capitais do Brasil.
Em prosseguimento, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores João
Bosco Vaz, Professor Garcia e Elói Guimarães, a Senhora Presidenta prestou informações
acerca das providências legais que deverão serão tomadas relativamente à
necessidade de adequação do teor dos discursos dos Senhores Vereadores à
Legislação Eleitoral vigente. Às onze horas e quarenta e um minutos, nada mais
havendo a tratar, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada
a seguir. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e
secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Estão abertos os trabalhos da 6ª Sessão Extraordinária
da 4ª SLO. Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
2.ª SESSÃO
PROC.
N.º 3392/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 089/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera o texto em vigor
da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986, que estabelece o Sistema de
Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências, instituindo gratificações de incentivo à produtividade e
legislativa para os detentores de cargos de Assistente Legislativo IV a VI.
PROC.
N.º 3395/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 090/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera o texto em vigor
da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986, que estabelece o Sistema de
Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências, quanto à classe de cargos de Assessor Legislativo.
(Assistente Legislativo)
PROC.
N.º 3398/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 091/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera o texto em vigor
da Lei nº 5.811, de 8 de dezembro de 1986, que estabelece o Sistema de
Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá
outras providências, quanto aos cargos da classe de Assessor Legislativo.
PROC.
N.º 3399/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 092/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Lei nº 5.811/86,
acrescentando artigo 53-B, que cria gratificação especial para funcionários que
exercem atividades no Setor de Mimeografia, e dá outras providências.
PROC.
N.º 3400/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 093/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Lei nº 5.811, de
8 de dezembro de 1986, dando nova redação ao seu art. 46, que dispõe sobre o
exercício da atividade de condução de veículos automotores, e dá outras
providências.
3.ª SESSÃO
PROC. N.º 2375/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO
N.º 071/04, de autoria da Mesa Diretora, que institui
comissão temporária denominada Comissão Técnica de Assessoria Urbanística, cria
oito cargos em comissão temporários de Assessor Técnico Especial no Quadro de
Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e
dá outras providências. Com Emenda n.º
01.
PROC.
N.º 3245/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 086/04, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução n.º
1.576, de 9 de outubro de 2001 – que institui, na Câmara Municipal de Porto
Alegre, quota básica mensal de custeio a materiais e serviços para os gabinetes
dos Senhores Vereadores –, mediante acréscimo de custeio de licenças para uso
de software aos itens formadores da
mencionada quota e da sujeição do uso de material de expediente a limites.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, na minha vida pública, uma das coisas que
sempre tive muito cuidado é de não ser magoado, mas muito mais cuidado eu tive,
minha cara Presidenta, de não magoar as pessoas de que eu gosto, e gosto muito,
como é o caso de Vossa Excelência. Em primeiro lugar, eu não disse aqui nesta
tribuna nada contra a honra e a dignidade de nenhum dos Vereadores, porque se
eu o dissesse, eu o faria com todas as letras, dizendo o que foi feito de
equivocado.
Eu
não sou aprendiz de Vereador. É verdade que todas as vezes que escolheram o
melhor Vereador na Casa, se eu estava, ganhei, desde o meu primeiro ano. Ganhei
três vezes consecutivas, e as outras vezes que fui escolhido eu estava aqui não no Executivo, eu ganhei; não tenho culpa disso, porque faço as
coisas com muita atenção e muito carinho.
Quando
quiserem ler o art. 102 do Regimento Interno, por favor, o façam na sua
integralidade, porque este Vereador não é um tolo, não. O art. 102 diz clara e
objetivamente (Lê.): “Art. 102: Os projetos e substitutivos apregoados pela
Mesa e após parecer prévio da Procuradoria serão incluídos na Pauta,
observando-se o prazo de quarenta e oito horas para a distribuição dos
avulsos.” É verdade que no parágrafo 4º diz (Lê.): “O Projeto elaborado pela
Mesa, independentemente de parecer, será, após a Pauta, incluído na Ordem do
Dia, salvo requerimento aprovado pelo Plenário solicitando audiência da
Comissão Permanente.” Portanto, não independia de parecer da Procuradoria-Geral
da Casa; teria de ter parecer da Procuradoria da Casa, eu não tenho nenhuma
dúvida. E até mesmo que não houvesse, quantas vezes nós reclamamos que o
Executivo não nos manda o processo azul para que nós saibamos como é que as
coisas ocorreram?
Foi
falado aqui que eu disse que foi feito de afogadilho; eu não usei esta
expressão. Mas, de qualquer forma, eu não tenho condições de saber como é que
chegou ao Projeto de Resolução da Mesa. Não tenho.
Quanto
ao tal Projeto que eu teria assinado em 1997, vou mandar buscar. Não assinei
coisa nenhuma, não pedi coisa nenhuma! Sempre fui contrário ao número de
assessores que estavam naquele momento. A Resolução de que fala o Vereador e de
que falou V. Exª, Srª Presidenta, é de 2001, e foi a Mesa que pediu, não foi
este Vereador. Foi a Mesa, não foi este Vereador! Eu não pertencia à Mesa. Ao
longo de toda a história de Vereador, aqui, eu um dia fui Presidente da Câmara.
De resto, não fui nem Presidente de Comissão. Fui o Vereador sentado ali no seu
lugar, cumprindo com a sua obrigação. Eu não pedi ninguém. V. Exª não tem
conhecimento de que eu pretendi fazer Comissão Especial de Urbanistas com três
urbanistas, e que eu gostaria de transformar depois em três cargos efetivos. É
claro, não foi trazido ao Plenário, só à Mesa. Porque, da primeira vez, queriam
14, e o Partido de V. Exª dizia três. Desde 2002, quando foi apresentada aqui,
aí sim, solicitação minha, dizia três. Depois, queriam nove. A mágica dos nove
eu não entendi. Quatorze eu entendi, porque havia 13 Bancadas, então um para
cada uma e um para a Mesa. Mas não me servia. Depois queriam nove, depois
queriam sete, e eu insistia em que deveriam ser três.
Eu
não a acusei de nada, minha nobre e querida Presidenta, porque eu não teria
como fazê-lo, e não faria uma acusação leviana em torno da administração de V.
Exª, que vem sendo bem feita, com muita tranqüilidade, sem nenhuma agressão.
Não agride e não é agredida, e não seria este seu amigo que lhe faria uma
agressão.
Na
verdade, eu posso falar sobre as viagens também, porque viagens são coisas de
agências de turismo. Eu, quando Presidente, não viajei nenhuma vez, e, nos
últimos 16 anos, eu viajei uma vez.
Eu
posso falar sobre cada uma das coisas, porque eu sou um homem que faz o que
gosta e gosta do que faz. Não me deixo equivocar na leitura de Regimento da
Casa nem na leitura da Lei Orgânica. Se reclamei do Executivo a não-aplicação
do art. 34 da Lei Orgânica, eu sou obrigado a reclamar do Legislativo a
não-aplicação do art. 34 da Lei Orgânica. E não me envolverão com artifícios no
art. 102 do Regimento, que diz que tem de haver, sim, na apresentação, parecer
da Procuradoria. E não se pensaria de forma diferente.
Peço
desculpas porque excedi o meu tempo - não é meu hábito -, mas foi para
reafirmar o meu apreço a V. Exª e o meu respeito especialmente. Por isto é que
eu me sinto atrapalhado: por poder V. Exª ter pensado que, por algum momento,
eu quis magoá-la. Eu nunca faria isso, porque sou muito objetivo nas questões
quando eu o desejo. Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a manifestação do Ver. João Antonio
Dib.
O
Ver. Wilton Araújo está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta desta
casa, Verª Margarete Moraes; Exmas Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, venho discutir o ponto de Pauta que me parece o ponto de que esta
Casa vem tentando, em discussões sucessivas, chegar à votação. Não vou dizer ao
consenso, porque esse consenso me parece difícil, se baseado nas palavras do
Ver. João Antonio Dib. É um consenso que não existe, à exceção deste Vereador.
Então, mesmo assim, esta é minha opinião, nós devemos votar esta matéria,
porque é uma matéria que traz para a Casa mínimas condições, e, quando nós
dizemos mínimas, são realmente as menores possíveis para que a Comissão que
analisa o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental desta Cidade,
para que os seus Relatores, para que os seus membros possam ter condições de
elaboração de pareceres. E o Ver. Sebastião Melo, nesta tribuna, foi feliz
quando disse que, como Relator - assim como sou - de um dos temas, não temos
condições para elucidar, trazer luz nas matérias que são levadas a essa
Comissão. Não temos as mínimas condições.
Então,
se pega o Ver. João Antonio Dib - caro colega, amigo desta Casa - no número;
são 3, são 4, são 2, são 7; já foram 19; já chegaram a 31. Das necessidades da
Casa, quem sabe são os Vereadores da Comissão, em primeiro lugar; e nós todos
recomendamos que esse mínimo de assessoria é necessário, e é necessário agora,
embora concordemos com a Emenda do Ver. Reginaldo Pujol. Mas nós vamos concordar
de que forma? De forma a repetir aquilo que diz a História, aquela da mulher de
César, aquela mesma história da mulher de César: não basta ser, tem de parecer,
por mais hipócrita que possa ser a atitude! Não a Emenda do Ver. Pujol, não é
isso. Mas é a atitude, e essa atitude é que nos deixa indignados por termos de
concordar com isso, Vereadora Presidenta; sermos forçados a concordar com essa
hipocrisia. Então, nessa linha é que a Casa deve, sim, amadurecer e votar esta
matéria, se necessário com a Emenda do Ver. Pujol - se necessário.
Mas
eu quero deixar bem claro que não vamos fazer coro a essa hipocrisia. Ver.
Pujol, se era para trazer para a discussão, se era para desnudar, aqui está: é
hipocrisia pura. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Wilton Araújo.
Quero apregoar a Emenda n.º 02 ao PR nº 071/04 (Lê.): “Institui Comissão Temporária denominada Comissão Técnica de Assessoria Urbanística, cria oito Cargos em Comissão temporários de Assessor Técnico Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
Emenda
n.º 02: Altera, de 08 (oito) para 03 (três), o número de cargos de que trata o
art. 2.º do Projeto de Resolução n.º 071/04, dá nova redação, como segue, ao
art. 4º e inclui art.6º, renumerando os demais:
‘Art.
4.º - Os futuros detentores dos cargos criados por esta Resolução serão lotados
junto à Presidência, sendo o preenchimento dos mesmos feito por indicação da
Presidenta do Legislativo, do Presidente e do Relator-Geral da Comissão
Especial mencionada no art. 3.º, à razão de 1 (um) cargo para cada um dos
citados.’
‘Art.
6.º - Ao término do prazo de que trata o art. 5.º, os cargos em comissão serão
transformados em cargos do Quadro dos Cargos Efetivos, com recrutamento geral
por concurso público no próximo exercício.’
‘Justificativa.
Da tribuna’.”
Assina
o Ver. João Antonio Dib.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras e Srs.
Vereadores, obviamente que, vindo à tribuna, eu venho para debater o Projeto de
Resolução que acaba de receber várias Emendas sobre as quais eu terei de
refletir oportunamente. Não se diga que essa matéria está sendo atropelada
neste final de período legislativo, na medida em que nós estamos a realizar
várias Sessões durante esta manhã para que corra a Pauta.
O
Ver. Ervino Besson, quando fazia homenagem póstuma ao Sr. Leonel Brizola,
dizia, com muita propriedade, que, durante as démarches que antecederam a decretação do luto oficial da Casa por
três dias, nós fomos uns dos consultados sobre esse fato, e, apesar de não ter
sido nunca partidário do Eng. Leonel Brizola, num respeito a sua figura, fomos
uma das tantas vozes que concordamos com aquele fato. E, naquela ocasião mesmo,
já ficou acertado que, em função do não funcionamento das competências
legislativas desta Casa, na quarta-feira e na quinta-feira, haveria estas
convocações extraordinárias. Mas o que se fala, agora, e o Ver. Wilton Araújo
foi muito contundente na sua análise quando explicou que os homens públicos são
como “mulheres de César”: não basta ser, tem de parecer. E lembrou que, sob um
determinado aspecto, a nossa Emenda poderia ensejar uma posição hipócrita da
Casa.
Eu
quero dizer ao Vereador que, de certa maneira, V. Exª tem razão. Na medida em
que ela nasce de uma postura coletiva da Casa, que, diante de um impasse,
assustou-se e até criou condições para que ela fosse retirada de tramitação,
como diligenciou a Presidência da Casa em uma medida cautelar. Eu conversei com
vários Vereadores antes de propor esta Emenda e observei, Vereador, que ninguém
quer correr o risco de aparecer, perante a opinião pública, como criador de
empregos para atender a cabos eleitorais. E, mais do que isso, entendi que
ninguém estava disposto a criar discurso para ser acusado dessa propriedade,
porque nunca foi essa nossa intenção.
Aliás,
há pouco, eu falava com o Ver. Gerson, e acredito que, com a disposição dos
Relatores-Temáticos, de não relatarem determinadas matérias sem a devida
assessoria, estamos na iminência, até, de suspender os trabalhos da Comissão
temporariamente, porque, realmente, eu não vou dizer que V. Exª está errado. Se
V. Exª dá um parecer sobre uma determinada matéria - com todo o conhecimento
técnico que tem V. Exª como ex-Secretário de Obras, como Engenheiro - sem o
devido assessoramento, corre o risco de gerar uma situação negativa para V. Exª
e para Cidade como um todo e isso ninguém quer.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vejo que V. Exª, no correr do seu pronunciamento, pega bem o
espírito do meu pronunciamento quando à sua Emenda, ao contrário de ser
hipócrita, desnuda a hipocrisia. Ela traz à luz, faz com que a comunidade veja,
de forma aberta, o que está acontecendo aqui, dentro desta Casa. Obrigado.
O SR. REGINALDO PUJOL: E mais, Vereador, a Emenda traduz um
momento da Casa. Nós observamos, e o Ver. Elói Guimarães, que é o mais antigo
Vereador em exercício nesta Casa, com a sua sabedoria, foi um dos conselheiros
que eu tive, o Vereador dizia exatamente o seguinte: “A gente não dá de graça o
discurso para aqueles que querem, de certa maneira, comprometer a imagem da
Casa.” Por isso eu me inspirei nessa Emenda, consultei vários Líderes,
obviamente que, entre eles, o Ver. Elói Guimarães - que é meu conselheiro
permanente nesta Casa, até sob o aspecto de juridicidade, experiente que é -, e
percebi o seguinte, diante da impossibilidade de que mais tarde nós tenhamos de
deliberar, Ver. Sebastião, então, em uma postura que pode até ensejar, como
disse o Ver. Wilton Araújo, hipocrisia, mas, de forma pragmática, eu pensei o
seguinte, Ver. Raul Carrion: já que, hoje, o quadro é negativo, há esses riscos
que nós estamos antevendo, nós podemos ser acusados de estar contratando cabos
eleitorais para as eleições de outubro, vamos deixar o negócio para designar em
outubro, vamos dar eficácia plena à Lei, em outubro; eficácia plena à
resolução, em outubro, e vamos permitir que, nos 90 dias finais deste mandato,
deste período legislativo, desta Legislatura, a Casa possa, com a devida
assessoria, qualificada assessoria, não com cabos eleitorais, mas com técnicos
capazes de nos dar uma boa assessoria, fazermos, isso, sim, Vereadora-Presidente,
a grande análise da reavaliação capaz de dizer: a Câmara, ainda que tardia,
cumpriu com as suas tarefas.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
demais Vereadoras, Vereadores, todos que nos assistem aqui e, também, nas suas
casas através da TVCâmara, em primeiro lugar, queríamos, em nome do Partido
Comunista do Brasil, em meu nome, fazer a nossa homenagem ao Engenheiro Leonel
Brizola, ex-Deputado Estadual do Rio Grande do Sul; ex-Deputado Federal;
ex-Governador do Rio Grande do Sul; ex-Governador, por duas vezes, do Rio de
Janeiro, e quero dizer que, no nosso entendimento, o Rio Grande do Sul e o
Brasil perderam um grande patriota, um grande estadista, um grande lutador pelo
nosso povo. Um homem que dignificou a atividade política com a sua coerência,
com a sua autenticidade, com a sua coragem cívica, e com a sua integridade,
enriquecendo a galeria dos grandes políticos gaúchos durante toda a sua
história. O povo gaúcho, certamente, Ver. Caetano, muito deve a Brizola, à sua
alta consciência política, à sua alta consciência democrática, nacionalista e
antiimperialista. No seu Governo aqui no Estado, Brizola cumpriu um mandato,
onde um verdadeiro projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul foi
construído, desde o seu grande investimento na Educação, seja através dos
grandes órgãos de fomento que criaram o sistema bancário, na infra-estrutura de
rodovias; buscando trazer a Petrobrás para o Rio Grande do Sul – o que fez
efetivamente -; iniciando o primeiro projeto de Reforma Agrária. Nesse sentido
um homem de visão não paroquial, mas de uma visão muito maior, visão que hoje
precisamos construir para o nosso Brasil. A sua participação frente ao
Movimento da Legalidade quando, com grande valentia, levantou o Brasil em
defesa da Constituição, também marcou fundo na consciência nacional e abortou
aquele golpe que se armava em 1961, que já havia sido abortado, em 1954, com o
suicídio de Vargas, e foi-se consumar em 1964, levando o nosso Brasil a vinte e
um anos de eclipse da democracia. Por tudo isso, os Comunistas do Brasil
inclinam as suas bandeiras de luta em reverência a este lutador do nosso povo.
Em segundo lugar, eu queria fazer uma breve menção, aqui nesta Casa, à exitosa
Conferência Municipal do Partido Comunista do Brasil, que se realizou no dia de
ontem, em um clima de grande unidade, onde o PCdoB homologou, aprovou a sua
aliança com a Frente Popular, junto com os demais Partidos que a comporão,
encabeçada, evidentemente, pelo Partido dos Trabalhadores, junto também com o
Partido Comunista Brasileiro, com o PL, com o PSL, com o PMN e, ao que
saibamos, junto também com o PTN, formando uma grande coligação para dar
continuidade ao trabalho importantíssimo que Porto Alegre vem tendo há quatro
mandatos, há 16 anos, que modificou a face desta Cidade, inverteu prioridades e
transformou Porto Alegre na Capital da participação popular, na Capital da
solidariedade, na Capital de melhor qualidade de vida neste País. Certamente o
povo de Porto Alegre reconhece esse trabalho e irá reafirmar em três de outubro
a continuidade desse trabalho. Aliás, uma pesquisa que foi divulgada, no dia de
hoje, não só aponta a Frente Popular na liderança, no primeiro turno, frente a
qualquer candidato, como em todas as simulações indicam, no segundo turno, a
vitória da continuidade das transformações, da continuidade das mudanças em
Porto Alegre.
Por
fim, eu queria fazer um convite a todos os Vereadores e a todos que nos escutam
para o grande debate, hoje, à noite, na Assembléia Legislativa, às 19 horas, no
Plenarinho, 3º andar, com o tema “Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento
Nacional”. Esse debate contará com a presença do Engenheiro e Cientista
Eugenius Kaszkurewicz, do Ministério de Ciências e Tecnologia; do Prof. Sérgio
Bampi, do Instituto de Informática da UFRGS; e será coordenado pelo Pró-Reitor
de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Prof. Carlos
Alexandre Neto e tem a promoção do Instituto Maurício Grabois, que tenho a
honra de presidir, junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
ADUFRGS, ASSUFRGS, a União Nacional dos Estudantes, a União da Juventude
Socialista, o CEDESP/RS, ATEMPA, OPINIO IURIS, SEMAPI, SINDISERF, FECOSUL,
Federação dos Metalúrgicos, Federação dos Bancários e SINDBANCARIOS/POA.
Agradeço
a atenção de todos, muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, insigne Verª Margarete
Moraes; colegas Vereadoras e colegas Vereadores. Srª Presidenta, eu quero, ao
retornar a esta tribuna para analisar os Projetos que tramitam nesta Sessão
Especial, dizer que eu não votei em V. Exª para ser Presidente desta Casa, não
porque não achasse que não merecesse nosso voto, mas porque a nossa Bancada
teve um outro entendimento. Mas, na medida em que V. Exª se tornou Presidenta
desta Casa, V. Exª é Presidenta da Casa como um todo. Então, quando a Mesa,
Ver. Ervino, encaminha resoluções de mudanças, eu, na medida em que V. Exª
preside a Casa e tem uma Mesa Diretora plural, entendo que é o entendimento do
conjunto desta Casa, e, portanto, os projetos vindos da Mesa com fito
administrativo vão ter meu apoio, porque entendo que eles devem ter sido
gestados como fruto desta ação plural da Mesa.
Eu
quero deixar muito claro isso, e nós vamos ter oportunidade de discutir, na
Presidência, com as Lideranças, mas imagino que esses projetos não estejam
criando mais despesa para o Legislativo, apenas adequações. Dizia-me o
Diretor-Geral que, inclusive, há uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do
Ministério Público em que vários funcionários desta Casa estariam perdendo
mensalmente nos seus salários se isso não fosse adequado. Então, se a Mesa que
dirige a Casa e, portanto, dirige administrativamente e politicamente, chegou a
este entendimento, não sou eu quem vai dizer o contrário.
Eu
quero retomar esta discussão que, para mim, é a mais importante, que é essa
questão do Plano Diretor. Eu quero dizer, Ver. Pujol, e Vereador-Presidente da
Comissão, Isaac Ainhorn, que eu acho que começa a tomar corpo essa conversa
informal de que nós suspendêssemos os trabalhos da Comissão e o retomássemos
pós-eleição. Eu acho que é uma medida equilibrada e vou dizer por que,
Presidente, da mesma forma que eu ouvi aqui, pontualmente sobre esta matéria,
alguém dizer: “Olha, nós estamos num ano eleitoral e a revisão do Plano Diretor
mexe com muitas questões da Cidade”. E, talvez, a emoção, Verª Helena, da
questão eleitoral venha a prejudicar uma coisa que não pode ser tratada de
forma partidária, porque é do Governo ou não é do Governo, porque é do Vereador
A ou do Vereador C. Eu acho, Vereadora-Presidente, que seria de bom tamanho -
nós teremos Sessões Extraordinárias do Plano Diretor, ainda nesta semana - se
nós levantássemos esta Comissão até o final da eleição, Ver. Isaac - e conte
com o meu apoio, já tenho opinião formada sobre isso -, e que nós voltássemos,
então, com as assessorias, e, aí nós fizéssemos um verdadeiro mutirão para
retomar a discussão sobre esta matéria.
Mas
eu quero dizer - Ver. Sebenelo, que me dá atenção - que esta matéria é de alta
relevância para a Cidade. Eu quero discutir um transporte de massa alternativo
para esta Cidade, isso é com o Plano Diretor. Discutir o aproveitamento da orla
do Guaíba, a integração do Centro da Cidade, da Cidade com o seu rio,
humanizando a Cidade, dando vida à Cidade, é um projeto do Plano Diretor. Aumentar
o tratamento de esgoto desta Cidade que, hoje, é só de 25%, é um assunto do
Plano Diretor. Fazer com que saia do papel o projeto do Shopping do Cristal,
alargando a Av. Diário de Notícias, a Av. Wenceslau Escobar, fazendo viaduto
para ligar com a Av. Pinheiro Borda, é um assunto do Plano Diretor. Portanto, o
assunto do Plano Diretor é um assunto que diz respeito ao conjunto da Cidade,
Ver. Wilton, e tem de ser tratado com muita profundidade.
Eu
quero dizer, por fim, Srª Presidenta, que nós pudéssemos, quem sabe - e nós
estamos na 2ª Sessão -, transformar os cargos do Gabinete de Planejamento - eu
não sei se isso é possível -; que os pusessem, então, já que querem diminuir,
como cargos de assessoria do Plano Diretor. Quem sabe essa não seria uma atitude
razoável? Porque, então, não ficaria indicação de A, de B, ou de C, mas
especificamente para o Plano Diretor. Muito obrigado pela tolerância, Srª
Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente e Srs. Vereadores, esta é
uma Casa plural, e estamos em num momento difícil e extremamente delicado do
ponto de vista da condução de um Legislativo, quando se realiza um processo
nacional de sucessões municipais, renovação dos legislativos, eleições para
Prefeito. Nesses 18 anos que detenho mandato de Vereador nesta Casa – não é
tanto tempo como de outros colegas Vereadores -, tenho observado que
normalmente esses períodos se tornam extremamente tensos, e os Parlamentares
que se encontram neste momento sob a Presidência têm uma enorme
responsabilidade na condução dos trabalhos legislativos.
Embora
eu não tenha votado em V. Exª para Presidente desta Casa, e o meu Partido não
votou – eu gostaria de tê-lo feito, mas as divergências naturais de um processo
de condução e de entendimento político não nos levaram a isso -, quero dizer
que tem mais conteúdo uma manifestação da Bancada do Partido Democrático
Trabalhista desta Casa, porque, do ponto de vista de Casa plural, V. Exª tem
procurado estabelecer um equilíbrio com responsabilidade, tornando-se, neste
momento em que Preside esta Casa, não a Verª Margarete Moraes, do PT, e sim a
Presidente do Legislativo Municipal da cidade de Porto Alegre. Tenho visto V.
Exª com essa preocupação, com essa responsabilidade.
De outra parte, quero
trazer aqui a preocupação com um tema dos mais importantes que temos pela
frente neste Legislativo, que é a reavaliação do Plano Diretor. Plano Diretor
este de grande polêmica, pois seu debate e suas alterações envolvem questões
profundas, de alto enfoque do ponto de vista da reavaliação da aplicação do
desenvolvimento urbano na cidade de Porto Alegre, e nós somos sensíveis aos
ecos da sociedade em relação a este Plano Diretor e temos a responsabilidade de
conduzir este processo. V. Exª sabe que a discussão, o debate do Plano Diretor
atual perdurou aqui nesta Casa praticamente por 4 anos: iniciou-se o processo
no ano de 1996, mas veio a viger no ano de 2000. Nós estamos com enormes
dificuldades, sobretudo naqueles projetos que vieram do Executivo, em que as
Bancadas de oposição têm uma enorme responsabilidade quanto à sua avaliação, e
os Relatores Temáticos, efetivamente, por falta de assessoria, estão com as dificuldades
inerentes para lavrarem e prolatarem os seus pareceres sobre esses projetos; é
o depoimento de todos os Relatores Temáticos, é o depoimento do Ver. Reginaldo
Pujol, que é o Relator-Geral, não é uma questão, portanto, político-partidária,
porque são de várias tendências político-partidárias os Relatores Temáticos e o
Relator-Geral. Quero dizer a V. Exª que tenho uma certa dificuldade, porque o
fato de estarmos a 90 dias do desencadeamento de uma eleição não nos tira a
responsabilidade de responder a questões presentes. Por exemplo, nós temos para
esta semana, antes do estabelecimento do recesso parlamentar, o exame da
questão das Áreas Especiais de Interesse Cultural, com depoimentos importantes.
Apesar da dificuldade de não termos, Verª Helena Bonumá, assessoria técnica
apta a responder aos desafios e às problemáticas que surgem, nós estamos
trabalhando, coletando depoimentos, e amanhã mesmo a Professora Bela Marcco
Milanez, da Faculdade Ritter dos Reis, e a Arquiteta Sandra Axelrud Saffer
estarão aqui prestando depoimentos, discutindo. A Comissão, na sua grande
maioria, tem estado presente nos debates, nas discussões e nos questionamentos,
e ela é aberta a todos os Vereadores; há Vereadores que questionam muito, mas,
na hora de estarem presentes no debate aqui na Comissão Especial, não estão,
Ver. Sebastião Mello, porque isso é uma questão aberta. Portanto encerro, Srª
Presidente, dizendo que vejo como uma questão a ser considerada.
Particularmente, como estamos numa época de avaliação - e esse é o entendimento
do Relator-Geral também -, uma época de coleta de dados, acho que podemos
continuar coletando esses dados. Eu, particularmente, quero trabalhar, tenho
uma proposta para que no mês de julho - apesar de ser recesso, e que se dane o
recesso -, nós possamos continuar a trabalhar em cima do Plano Diretor. Mas eu
me submeto, democraticamente, à consulta dos meus pares no âmbito da Comissão
Especial, que tenham sensibilidade em relação a esse problema, estão
trabalhando com muita seriedade, com muita responsabilidade em cima dessas
questões. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, dentre tantos registros que haverão de se fazer
acerca da morte do estadista, do caudilho, do ex-Governador do Rio Grande do
Sul e ex-Governador do Rio de Janeiro, nós queremos consignar a nossa reflexão
haurida num longo período de convivência com a figura extraordinária da
liderança do Dr. Leonel Brizola, que, ao longo da sua existência, foi,
inquestionavelmente, sufocado. Havia um sufocamento à sua ação e à sua
liderança, porque, efetivamente, ele era um homem que trazia na alma, no sangue,
a bravura e a disposição na busca de melhores dias para a sua Pátria, para o
seu País, e isso contrariava interesses. Todos os homens fortes, bravos, que
lutam e expõem o seu pensamento, eles contrariam interesses. E toda a saga e a
trajetória do Governador Brizola era a favor dos humildes. Isso é ponto manso e
pacífico na biografia do grande líder.
Na
busca da redenção do seu País, na defesa dos interesses nacionais. Ele, que
vinha de uma escola de Vargas, o grande estadista latino-americano, que sempre sonhou
com uma Pátria forte, rica, livre, que oferecesse condições de igualdade a seus
filhos, foi o homem do século, por assim dizer, Getúlio, porque o Brasil tem um
marco que se chama Getúlio Vargas. Se examinarmos, pegarmos a história social,
política, econômica e cultural do Brasil, vamos ver um marco ali: até Getúlio e
depois de Getúlio. E Brizola insere-se exatamente no pensamento do estadista
Getúlio Vargas e produz, no campo da ação, a partir de 1954, todo o ideário de
Vargas. Ele era o grande, o maior apóstolo de Getúlio e o maior defensor de
Vargas, porque via exatamente na ação de Vargas, na mensagem de Vargas, uma
ideologia, sim, capaz de produzir avanços nos campos sociais e políticos do
nosso País.
Mas,
em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, correspondeu-me, além de a outros
companheiros, a missão de acompanhar todo o desdobramento de homenagens que se
fazia ao grande estadista. Assim procedemos estando em todos os atos, desde a
chegada, aqui no Estado, do esquife do grande brasileiro Leonel Brizola até
ontem, na missa de 7º dia, ato religioso em homenagem à memória do grande líder
morto. Quero dizer, Srs. Vereadores e Vereadoras, que o Dr. Leonel Brizola já
era história em vida e já era mito também, porque, se nós recordarmos, Ver.
Wilton Araújo, o período excepcional de 1964, se dizia: “O Sr. Brizola está
voltando, o Brizola vem! Vem aí o Brizola!” Isso já entrando no mito, na
mitologia. Eu tenho depoimentos do Interior do Estado de pessoas que diziam:
“Olha, o Brizola passou aqui na frente num piquete de cavalaria”. Vejam só o
imaginário, que é exatamente o mito. Então, ele já estava, em vida, vivendo o
mito. Portanto, vai o homem; ficam as grandes idéias, fica a sua mensagem, fica
a sua pregação. É ela, evidentemente, que todos nós, na minha opinião,
respeitando posições em contrário, devemos seguir, porque ela era feita,
exatamente, pela redenção do povo brasileiro. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa, demais Vereadoras, Vereadores, pessoas que nos assistem,
em primeiro lugar, eu queria manifestar a opinião da Bancada do PCdoB sobre o
Projeto de Resolução que constitui Comissão temporária, denominada Comissão
Técnica de Assessoria Urbanística, para dar acompanhamento à discussão do Plano
Diretor.
Eu
quero dizer que nós temos a mesma opinião da imensa maioria desta Casa, no
sentido de que essa Comissão é uma necessidade, pois não estamos tratando de
assuntos irrelevantes. Talvez, após a Lei Orgânica, essa é seja a principal Lei
desta Cidade, pois é a Lei que disciplina a questão do uso do solo urbano, das
edificações; ou seja, áreas que envolvem interesses econômicos; talvez os mais
importantes dessa Cidade, os mais volumosos; área de interesse, onde a
Constituição Federal, de 1988, inovou, por meio dos artigos 182 e 183, criando,
pela primeira vez, a questão da função social do solo urbano, que o Estatuto da
Cidade, Ver. Dib, em 2001 – portanto, após a última revisão, a última Lei do
Plano Diretor -, regulamentou os arts. 182 e 183, e que, portanto, têm de ser
adaptados ao nosso Plano Diretor. Enfim, um tema extremamente técnico, porque
envolve não só questões jurídicas profundas e inovadoras, como envolve questões
urbanísticas, questões de arquitetura, questões de engenharia que,
evidentemente, o leigo, ao aprovar um mero artigo, pode estar beneficiando
setores econômicos, até monopolistas, desta Cidade. Lembremos que 41% do solo
urbano de Porto Alegre, pelos últimos levantamentos, são chamados “vazios
urbanos”, muitos deles especulativos.
Então,
é evidente que, nesta Casa, formada não unicamente por urbanistas, não
unicamente por juristas, mas pelas mais variadas especialidades e interesses,
nós abordemos esta questão como leigos. Somente quem tem interesses, talvez,
muito ligados ao setor imobiliário é que pode querer que esta Casa aborde esses
interesses sem uma estrutura técnica de assessoria.
Portanto,
o PCdoB, coerente e vinculado a uma visão de uso social da propriedade urbana,
reivindica e luta para que esta Casa, que teve quase 20 assessores técnicos
para debater esta Lei do Plano Diretor, tenha agora, pelo menos, oito
assessores, que me parece, de forma judiciosa, um designado e de confiança da
Presidência desta Casa; outro de confiança e designado, evidentemente com
qualificação técnica, pelo Presidente da Comissão Especial; outro pelo Relator;
outro pelos três Sub-Relatores; outro pela Comissão Especial desta Casa, nesta
temática, que é a Comissão de Urbanismo, Transportes e Habitação.
Neste sentido, Verª Margarete Moraes,
hipotecamos a nossa solidariedade e assinamos embaixo o pronunciamento de V.
Exª, porque, nessas horas, falsas vestais se apresentam, colocando em dúvida a
honorabilidade e a preocupação da imensa maioria desta Casa com uma assessoria
técnica adequada.
Por
fim, eu queria dizer, Ver. Melo, e já lhe disse pessoalmente, que também
achamos correta, justa a proposta de V. Exª: de que já que, por tudo isso, não
existe uma assessoria adequada, e que, por uma precaução, o próprio Ver. Pujol
– e concordamos com a Emenda – coloca que a decisão da criação desta Comissão
só exista a partir das eleições de outubro, que também essa Comissão entre em
recesso e suspenda os seus trabalhos até que esteja suficientemente
assessorada, como têm sido até hoje as discussões do Plano Diretor.
Então,
apoiamos a criação da Comissão, apoiamos a Emenda do Vereador Pujol e apoiamos
a proposta do Ver. Melo de que esta Comissão suspenda os seus trabalhos até que
tenha uma assessoria adequada, dada a relevância do tema. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, ontem o nosso Partido, o Partido Socialista
Brasileiro, realizou a sua Convenção, Convenção essa que selou uma aliança com
o PSC, Partido Social Cristão. Voltamos a dizer, a pomba da paz e o peixe, que
é o alimento, vão ser as grandes motivações que o PSB vai ter na campanha que
está se avizinhando para a eleição à Prefeitura de Porto Alegre.
O PSB lançou ontem, também, 42 candidatos a Vereadores,
tendo como candidato a Prefeito o Deputado Federal Beto Albuquerque e como
candidato a Vice-Prefeito, pelo Partido Social Cristão, Ciro Machado,
jornalista, que já foi, inclusive, Presidente da Associação dos Jornalistas do
Rio Grande do Sul.
E ontem foi feita uma grande festa com o lançamento de inúmeros
candidatos também a Prefeitos da Região Metropolitana. O PSB, neste ano,
concorre a Prefeito em 19 capitais do nosso País, com boa chance de eleições na
grande maioria delas. Foi dada uma grande demonstração de cidadania. Mais de
mil pessoas estiveram presentes à Convenção do PSB, mostrando que a candidatura
do Dep. Beto Albuquerque é uma candidatura que vem, realmente, para disputar a
eleição em Porto Alegre.
E
é em cima disso, dentro desse princípio, princípio de solidariedade, lançando o
slogan “Porto Alegre de Cara Nova”,
que o Partido, a partir de agora, quer mostrar para a cidade de Porto Alegre
aquilo que entende e busca para uma Porto Alegre melhor. E é em cima dessa
Porto Alegre melhor que os diversos debates serão feitos. Nesta quinta-feira,
já teremos o primeiro debate público, promovido por uma emissora de televisão
do Rio Grande do Sul, um debate que vai começar às 11h e terminará às 14h –
serão 3 horas de debate -, com os oito candidatos - agora oficiais - a Prefeito
pelas suas diversas siglas. Então, entendemos que é uma vitória do Partido na
busca da sua consolidação. O Deputado Beto Albuquerque, Vice-Líder do Governo
Lula, com toda propriedade, gosta e faz questão de dizer que sempre procura
ser, e é, leal às suas convicções e às suas parcerias. Ontem, também se fez
presente o Portanova - candidato a Prefeito pelo PSB em Florianópolis. Lá em
Florianópolis, o PSB fez uma aliança com o PDT, este indicando o candidato a
Vice, o Portanova, e essas coligações estão sendo feitas em todo o território
nacional. Ontem, o próprio candidato, que já tinha acertado a sua presença,
João Leite - candidato em Belo Horizonte -, não pôde comparecer, na última
hora, em função de um apoio que ganhou - e volto a dizer, apoio - do Governador
de Minas Gerais, Aécio Neves. O PSDB lá não vai ter candidato a Prefeito e deu
o seu apoio a João Leite. Na semana passada também foi lançada a candidatura de
Luiza Erundina, que já foi Prefeita de São Paulo, e, em São Paulo, ela está com
9%, mas acredita que tem todas as condições de ter uma rápida ascensão nas
pesquisas. E essa é mesma intenção – dessas pesquisas - que o Deputado Beto
Albuquerque quer imprimir. A pesquisa divulgada hoje por um jornal de Porto
Alegre informa que o Deputado Federal Beto Albuquerque está com 4,2% das
intenções, e temos a certeza de que, a cada debate, a cada novo dia, essa
configuração, essa força e o slogan
que o PSB quer dar: “PSB de Cara Nova”. Realmente vai ser um candidato novo,
porque os demais já foram candidatos. E é em cima disso que ontem tivemos a
maior convenção do Partido Socialista Brasileiro em Porto Alegre. Muito
obrigado, Srª Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO BOSCO VAZ (Questão de Ordem): Presidente, apenas para colaborar como
jornalista, eu não quero ser nenhum corregedor da Casa, mas, se cada Vereador
for falar, na televisão, sobre as suas candidaturas, nós estaremos correndo o
risco de essa televisão ser tirada do ar. Eu mesmo estive na Convenção ontem,
poderia ter ido à tribuna falar - o nosso candidato está muito à frente de
outros candidatos -, mas nós precisamos evitar isso aqui, porque nós corremos o
risco... Precisamos fazer um pacto de Mesa, Presidente, para evitar que essa
televisão seja tirada do ar, porque senão nós vamos acabar usando... Eu mesmo,
como jornalista, já fiz meu último programa sábado.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Mesa concorda com a sua preocupação. A
Mesa Diretora está tomando providências em relação à questão legal. Vou
procurar a Direção-Geral e a Procuradora da Casa hoje, nós vamos examinar isso
e tomar as providências. A Mesa vai encaminhar.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Eu só quero fazer um relato, porque eu
acho que é importante. Nós tomamos todos os cuidados, inclusive com a
Assessoria Jurídica, porém esta é uma Casa política, e nós não estamos fazendo
proselitismo político. Nós queremos e fizemos isto, ou seja, trouxemos para a
totalidade dos Srs. Vereadores um fato que ocorreu em Porto Alegre, no nosso
entendimento um fato relevante, ou seja, o lançamento da campanha do PSB à
Prefeitura de Porto Alegre.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Vereador, não é nada em relação ao seu
Partido, é uma regra geral. Existe legislação eleitoral, e nós vamos atrás
disso para todos os Partidos.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sabemos, exatamente, foi em cima disso
que nós colocamos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Presidenta, a questão, evidentemente, é
relevante, e, obviamente, não houve intenção, de parte do Ver. Garcia, em fazer
o proselitismo, quanto a isso não há dúvida. Mas eu acho que a questão trazida
pelo Vereador, Líder do PDT, João Bosco Vaz é importante. Eu até vou sugerir a
V. Exª a possibilidade de se ter um contato com a área técnica do Tribunal
Regional Eleitoral, exatamente para que possamos enquadrar a ação do Vereador
na TVCâmara, porque, efetivamente, com relação a determinadas situações, se
elas não forem preservadas, estaremos sujeitos a sair do ar, o que seria
altamente negativo.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Para colaborar, Srª Presidente, em todas
as outras campanhas... Aqui, e todos os companheiros sabem, inclusive o
Vereador é proibido de vir com o button
dos seus candidatos à tribuna, porque isso caracteriza também uma propaganda
subliminar. Essa é a preocupação; nada contra os candidatos, nada contra
ninguém, mas para manter a nossa tevê no ar.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço o posicionamento do Ver. João
Bosco Vaz e sua preocupação.
Encerro
a 6ª Sessão Extraordinária.
(Encerra-se
a Sessão às 11h41min.)
* * * * *